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terça-feira, 5 de abril de 2011

SECRETARIA DE SAÚDE REGISTRA EPIDEMIA DE DENGUE EM 27 MUNICÍPIOS.

Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) quebra silêncio e confirma epidemia de dengue no Ceará assim como a circulação do vírus tipo 4 da doença. Ao todo 27 cidades estão em estado epidêmico, os outros 157 municípios em alerta. Com relação ao dengue 4, os casos foram detectados em Morada Nova e no bairro de Messejana, na Capital. Suspeita-se também da circulação desse novo vírus no bairro Joaquim Távora, devido ao grande número de casos registrados em apenas uma semana.


Nos municípios de Acarape, Chorozinho, Icó, Itapipoca e Tejuçuoca a situação é mais preocupante, devido a alta incidência da doença, acima de 300 casos por 100 mil habitantes, sem falar nos óbitos confirmados. Fortaleza não está inclusa na lista, porém 56 bairros estão com a incidência acima do limite. A Capital registrou ainda quatro óbitos. Segundo a Sesa 90% dos focos do mosquito estão dentro das residências.

Para o comitê de avaliação epidemiológica o número elevado de casos graves - na proporção de um caso grave para 72 não graves - caracteriza a maior proporção de toda a história das epidemias no Ceará, nos anos de 1987, 1994, 2001 e 2008. Para confirmar o quadro de epidêmico a Sesa levou em conta o número elevado de óbitos e a constatação preliminar, pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), de dois casos de dengue do tipo 4.

Diante do quadro, o gestores ressaltaram a importância de uma mobilização maior de pessoas, no sentido tanto de eliminar focos do mosquito e evitar a proliferação destes, como de tratar os doentes e atentar para os sinais de alerta da doença.

Para eles a maior dificuldade enfrentada no combate a doença, tanto no interior como na Capital refere-se aos recursos financeiros. "Estamos enfrentado uma guerra sem tréguas. O recurso financeiro é insuficiente e complica as ações de combate", queixou-se o gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Antônio Lima.

Para se ter uma ideia dos gastos, o secretário de Saúde de Fortaleza, Alex Mont´Alverne, explicou que o recurso está em R$ 1 milhão, o que representa um terço do total das despesas na área. Só com a folha salarial e com encargos gastam-se R$ 2,4 milhões. Sem contar com os salários de outros profissionais.

Fora isso, a Capital está com um déficit de 400 agentes de endemias. Hoje são 1.800 profissionais trabalhando, quando o necessário seriam 2.200. O que prejudica o ciclo de combate ao mosquito. "Só há a possibilidade de contratar mais profissionais se houver aumento da verba do Ministério da Saúde ou da Sesa", afirmou Mont´Alverne.

Ações

Lima reforçou como medidas emergenciais a borrifação de fumacê em todos os bairros da Capital, como forma de diminuir a transmissão da doença. A tarefa será iniciada amanhã e serão utilizados 25 carros de Ultra Baixo Volume (UBV).

Em reunião realizada no dia 1º de abril, foi definido que dos R$ 4 milhões do recurso extra concedido pelo Ministério da Saúde, R$ 2 milhões serão para Fortaleza. Além disso, 20 leitos já estão abertos na Santa Casa de Misericórdia para dar suporte ao Hospital São José (HSJ).

Com relação a estruturação da rede hospitalar em Fortaleza, Antônio Lima informou que 30 postos de saúde estão funcionando no terceiro turno. Com relação ao interior do Estado, o titular da Sesa, Arruda Bastos disse que os hospitais polos já foram alertados.

Para o infectologista e professor da Faculdade Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ivo Castelo Branco, essa iniciativa já representa algo, porém ele ressaltou que é necessário que a população acredite nesse atendimento. Além disso disse que o aumento dos óbitos só será evitado caso haja uma reestruturação do sistema. "Estamos vivendo uma epidemia, e não adianta ter bons doutores se a estrutura não permite".

Superlotação

O infectologista explicou que o que acontece é uma superlotação da atenção secundária, pois a população não confia no atendimento primário. "O correto seria que de 100 casos, 70% fossem tratados nos postos de saúde, e os outros 30%, que são os que necessitam de exames, fossem encaminhados para atenção secundária".

Castelo Branco atentou que essa quantidade de mortes só pode ser associada a três fatores: negligência do próprio paciente aos sintomas de alerta, não conhecimento desses, e por último o atendimento médico que não valoriza os sintomas da doença. "No Ceará nós temos os melhores médicos para tratar a doença no País, porém como é que se faz um bom diagnóstico em apenas oito minutos de consulta?" indagou.

Os sinais de alerta aos quais o especialista se refere são: dores de barriga forte, vômito, náuseas, suor frio, desmaio ao levantar e tosse seca com falta de ar. "Muitas vezes as pessoas pensam que ao passar a febre já estão curadas, mas é justamente aí que se deve ficar em alerta", reforçou.

MORTES POR DENGUE Números de 2011 já se aproximam dos de 2010

O número de mortes provocadas pela dengue no Ceará, no meses de janeiro, fevereiro e março de 2011, aumentou consideravelmente, se comparado com o mesmo período de 2010. No primeiro trimestre deste ano, a Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) já contabiliza 19 óbitos, enquanto, nos três primeiros meses do ano passado, nenhuma pessoa foi vítima fatal da doença. O índice de 19 mortes confirmados, até o último dia 1º de abril, aponta mais um resultado alarmante: faltando nove meses para que 2011 seja concluído, o número de óbitos deste ano já se aproxima do de 2010, que registrou 21 casos.

O crescimento de mortes por dengue não é à toa, haja vista que o número de casos confirmados praticamente triplicou. Nos primeiros três meses de 2011, a Sesa já soma 8.352 casos, enquanto o mesmo período do ano passado foram 2.869.

Quando a questão são os dados que dizem respeito aos casos de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD), o número do primeiro trimestre deste ano é mais do que o dobro do de 2010. No último ano, foram 23 casos de FHD confirmados. Já em 2011, 44 pessoas sofreram com a grave doença.

Durante todo o ano de 2010, a Sesa registrou 13.143 casos de dengue, dos quais 53 foram de FHD. Das 21 mortes confirmadas, 15 foram decorrentes de dengue hemorrágica.

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