Dizem que após ter um filho nos tornamos mais sensíveis e somos movidos por uma compaixão humana. Não que pese a tese ora abordada, poucas vezes na minha vida me emocionei tanto quanto da chegada do meu pimpolho, motivado, claro, pela imensa alegria que esse fato me causou. Por outro lado, na última sexta-feira emoção contundente invadiu o meu ser, entretanto por um motivo extremamente negativo. Aqueles que assistiram ao Globo Repórter, no dia 1º de abril estavam torcendo para que tudo aquilo fosse uma mentira. Infelizmente não era! A reportagem mostrou o caos da saúde pública no Brasil. Mas mostrou com a intensidade e os contornos mais dolorosos, só comparados às cenas assistidas nas guerras que se sucederam ao longo da história. Eram crianças, adultos e idosos reduzidos a mais aviltante condição humana. Lembrou-me até o livro de Saramago “Ensaio sobre a cegueira humana”.
O que se presencia hoje nos hospitais públicos do Brasil é uma carnificina consentida e institucionalizada, brutal e desumana. E o que é pior: tudo isso aos olhos das autoridades que ignoram o genocídio praticado nesses nosocômios. Confesso que as cenas horripilantes parecem de um país sem dono, sem rumo, sem valores. Senti-me vergonha de ser brasileiro e aceitar, impotente, que irmãos nossos fossem tratados como trapos humanos, esquecidos e vilipendiados na sua dignidade. Naqueles hospitais vi o bicho homem mostrando uma natureza perversa e predatória. Profissionais que se confundiam com açogueiros, escolhendo suas vítimas.Uma tristeza para guardar na memória. Tudo isso sob o manto da legalidade. Acorda Brasil.
Postado do BLOG do CARLOSALBUQUERQUE
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