PSD CHEGA AO CEARÁ. Insatisfeitos discutem nova filiação.

Gilberto Kassab, o prefeito de São Paulo que está recriando o Partido Social Democrático (PSD), procurou um ex-deputado federal cearense que foi filiado ao PSDB, para ele organizar, ou indicar alguém para essa missão. O ex-deputado procurou um dos mais próximos aliados do governador Cid Gomes (PSB) e as primeiras conversas, ainda em caráter reservado, já resultaram no compromisso de um grupo de cinco a seis deputados estaduais cearenses e um deputado federal, para ingressar no PSD.

Tanto os deputados estaduais quanto o federal estão litigando com suas agremiações. Todos têm interesse na disputa municipal do próximo ano, não necessariamente como candidatos a prefeito ou vereadores, mas temem perder espaços, impossibilitando, de certa forma, as postulações dos seus correligionários. Para os candidatos em 2012, tanto a questão do domicílio eleitoral, quanto a da filiação partidária terão, necessariamente de estar definida até o fim de setembro deste ano.

Cid Gomes foi informado da articulação de Kassab, poucos dias antes de viajar para a China, na última semana e, segundo algumas pessoas com quem conversou, na época, ele nada tratou sobre o assunto, embora tenha dito saber das conversações. Hoje, o grupo político do governador tem uma forte ascendência sobre o PRB, outro partido da base aliada da presidente Dilma Rousseff, nascido sob o comando do ex-vice-presidente da República, José Alencar, morto recentemente.

O PSD existiu no Ceará, em sua melhor época, até a década de 60. Era um dos dois partidos brasileiros de maior expressão. O outro era a UDN (União Democrática Nacional). A chamada Revolução de 64 acabou com todas as agremiações políticas nacionais e criou o bi-partidarismo com a Arena (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Com o retirada da camisa de força imposta ao sistema partidário, renasceu o PSD, mas sem a expressão de outrora.

O ex-governador Cesar Cals foi um dos inspiradores da recriação do PSD no Ceará e o ex-deputado Marcos Cals, futuro presidente do PSDB cearense, foi o primeiro deputado estadual eleito por essa agremiação, em segundo momento. No seu segundo momento o PSD teve vida efêmera, posto que incorporado pelo PTB, ainda em 2003.

Insatisfeitos

Agora, será a terceira vez que o PSD poderá fazer parte da história do Estado, não como um partido ideológico ou programático, mas como uma sigla que albergará insatisfeitos com suas atuais legendas, e outros interessados em ficar mais próximo do Governo. Uma boa parte dos deputados cearenses com pretensões de ingressar no PSD está no PSDB.

A programação dos tucanos no rádio e na televisão, em Fortaleza, aliado ao movimento para renovação dos diretórios municipais, no último domingo, acendeu a luz vermelha dos que sequer foram comunicados das convenções para cuidarem da estrutura partidária em seus municípios. Há um sentimento de que estão sendo defenestrado e não querem esperar que seus amigos fiquem sem legenda.

Sair de um partido para um outro que esteja sendo criado não implica em perda do mandato. É o que diz a legislação relacionada à fidelidade partidária, entendo ser a mudança para uma nova agremiação caracterizado como justa causa.